O primeiro dia de aula do filho é desafiador para a mãe. Ficamos com a cabeça cheia de pensamentos, medos e expectativas. “Será que ele vai gostar? Vai fazer amiguinhos? A professora vai tratar bem? Vai sentir muita falta de casa? Terá a atenção que merece?” Essas são algumas dúvidas que podem surgir durante a maternidade.
Para tudo há uma primeira vez
Meu marido é natural de Santa Catarina, mas estudou teologia em São Paulo e começou a trabalhar como pastor. Já eu, nasci na Bahia, mas fui criada no interior de São Paulo, onde me formei em comunicação. Inclusive, nos conhecemos durante a faculdade. Logo que nos casamos, fomos morar fora do país para o trabalho missionário, mas em paralelo começamos a trabalhar com marketing digital, profissão em que atuamos até hoje.
Já moramos em Londres, Milão, Madrid e mais. Ao todo, foram cerca de sete anos na Europa. Nesse meio tempo, foram muitos desafios financeiros e também tivemos nossos bebês, então decidimos que voltar para o Brasil seria o ideal, pois assim teríamos mais recursos para ganhar dinheiro e para educar eles.
Desde o início conversamos que não iríamos deixar nossos filhos crescerem nesse mesmo ambiente por um período de, pelo menos, dez ou quinze anos, pois é uma fase importante de formação do ser humano em que ele necessita ter estabilidade e segurança. Então, viemos para o interior de São Paulo para eles poderem viver até a adolescência, assim poderão ir à escola, fazer amigos e estar mais perto da família.
Não que eles não pudessem estudar na Europa, mas a dinâmica seria diferente, os turnos de aulas eram longos e as crianças começavam precocemente a aprender conteúdos que, ao nosso ver, não eram adequados para a idades deles. Na época, o Theo tinha por volta de 3 anos.
Quando chegamos, decidi que meus filhos teriam educação domiciliar nos primeiros anos e, enquanto isso, iríamos procurar por escolas. Eu sei que não é a necessidade de todo mundo, tá? Não é a família de todo mundo que tem a oportunidade de fazer homeschooling. A maioria das pessoas precisa trabalhar fora, não têm com quem deixar a criança e, por isso, a creche ou a escola são as melhores soluções. “Fabi, mas se eu pudesse botar com um aninho na escola, eu faria isso.” Tudo bem, sem problemas. Cada uma sabe da própria realidade e dos desafios impostos pela maternidade.
O primeiro dia de aula
Eu sei que nem toda família está no mesmo ritmo que a gente. Algumas tem outras necessidades e precisam colocar a criança na escola o quanto antes. Além disso, o fator financeiro influencia, pois nem sempre o orçamento disponível permite fazer as escolhas que queremos.
Para nós, por exemplo, era importante ter: espaço de lazer, desenvolvimento de brincadeiras lúdicas, contato com a natureza, deixar a criança se sujar, subir em árvore e ser, de fato, criança. Não queríamos que ficassem sentadinhos o dia inteiro nas carteiras, sem ter a oportunidade de se expressarem e adquirirem experiências práticas e interativas.
Não foi uma tarefa simples encontrar um local assim, pois as exigências eram muito específicas. Na Europa, o Theo não foi à escola, pois não queríamos começar a alfabetização cedo. Ensinar ele a escrever cedo, usar lápis e caneta era uma coisa que a gente temia. A gente tentou postergar esse primeiro dia de aula o máximo possível. Até que tudo mudou e ele começou a tocar nesse assunto…
Nós acreditamos que a base da educação, assim como na fundamentação clássica, tem muito a ver com aprender novas línguas, literatura, matemática, música e outros tipos de áreas do conhecimento. É uma estrutura de formação do ser humano como um todo. E a gente queria manter isso dentro da nossa realidade. História e matemática, por exemplo, são matérias importantes, mas a parte sensorial, tangível e prática proporciona experiências.
Então, pensamos: o primeiro dia de aula vai ser sem pressa e sem pressão. E assim foi!
O Theo gosta muito de brincar no parquinho e começou a perceber que os amigos não aprendiam em casa, como ele, mas frequentavam a escola. Eles comentavam sobre as aulas de coral, acampamento e mais uma série de coisas. A partir dessa observação, ele começou a falar sobre a escola em casa e a questionar quando ele iria. O interesse surgiu e demos início à conversa com ele e com as escolas.
A coordenadora de onde ele estuda conversou conosco, pois queríamos entender o que uma criança na idade dele, por volta dos 5 anos, faria na escola, qual era o tipo de metodologia, como seria a alfabetização, a parte prática e lúdica e se ele passaria o tempo inteiro dentro da sala de aula. Tiramos todas as dúvidas e ela propôs de levá-lo um dia para ter a experiência.
Os nossos principais desejos eram:
1) Alfabetização somente na idade adequada;
2) Atividades ao ar livre;
3) Escola alinhada com nossos valores morais e religiosos.
A escola que escolhemos se encaixa em todos esses critérios e faz parte de uma rede que nós conhecemos e que tem a ver com a nossa história como casal e família. Foi então que chegou a hora, a tão temida para a maternidade: o primeiro dia de aula.
Lembra aquelas dúvidas que citei no início do texto, se ele iria gostar, se seria bem tratado, se teria atividades interativas, se faria amigos com facilidade e tudo mais? Então, o primeiro dia de aula passou e foi muito tranquilo. O Theodoro amou a experiência!
Então, mamães, o primeiro dia de aula pode ser desafiador e temível durante a maternidade, mas sempre há uma primeira vez para tudo. O medo de agora é a escola, depois pode ser a alfabetização, a puberdade, os namoros, a faculdade, a vida adulta, os netos e… enfim, a lista de preocupações é infinita. A maternidade é assim, um ciclo constante de mudanças, como se todos os dias fossem o primeiro dia de aula.