Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão atinge cerca de 300 milhões de pessoas no mundo e impacta diariamente a saúde mental de milhares de brasileiros, que está em 1º lugar no ranking mundial. Infelizmente, para muitas pessoas, esse assunto ainda é considerado um tabu, dito como “frescura” ou “falta de gratidão”. Contudo, essa doença é séria e deve ser abordada com responsabilidade. Pensando nisso, vamos refletir juntas sobre essa questão e, principalmente, sobre o alto índice de depressão feminina.
Índice de depressão em mulheres
O tabu a respeito do tema existe, mas tem gente sofrendo muito com a saúde mental afetada e nós precisamos falar disso, promover mais debates e esclarecer as dúvidas acerca do tema. Afinal, por que as mulheres sofrem mais com depressão? E os homens, não sofrem com isso?
Há algumas teorias validadas sobre a depressão feminina e uma delas é de que as mulheres procuram mais os serviços de saúde, o que possibilita um maior controle numérico sobre o impacto da doença no público feminino. Isso tem a ver com o aspecto cultural, pois, para a maioria dos homens, o diagnóstico é tardio ou inexistente, porque eles têm mais dificuldade de expor os sentimentos e, para alguns, a atitude de procurar um psiquiatra é considerada uma fraqueza. Por esse motivo, muitos deles se escondem atrás de bebida alcoólica, droga e cigarro.
Outro fator considerado é a condição hormonal da mulher e a diferença em relação ao homem. Uma vez que eles são bombardeados por testosterona e não sofrem grandes alterações hormonais ao longo do mês, não são regidos pela mesma bipolaridade que nós.
O que isso quer dizer, na prática? Significa que, metade do mês, nós produzimos estrogênio e, por isso, ficamos felizes e bem dispostas. E na outra metade do mês? Bem, nos outros 15 dias, nós estamos carregadas de progesterona, o que nos deixa desanimadas, indispostas e sensíveis. É a famosa TPM, sabe? Algumas mulheres são mais suscetíveis à influência desse hormônio e, por isso, sofrem um impacto maior na saúde mental.
Uma terceira explicação é oferecida por um estudo muito interessante realizado na Califórnia (EUA), em 2019. Durante a pesquisa, eles conduziram um estudo clínico com cerca de 100 pessoas, sendo 50 homens e 50 mulheres. Em uma parte, foi aplicada uma toxina que provoca uma micro-inflamação no cérebro e no organismo, de maneira controlada, e na outra, foi oferecido um placebo.
Com o passar do tempo, os pesquisadores aplicaram nos voluntários o sistema de recompensa – todo o conjunto de mecanismo cerebral que faz com que a gente se sinta feliz e motivado – para medir os dados de cada pessoa. Quando alguém tem depressão, não importa o que a pessoa faz, possui ou ouve dos outros. Nada tem sentido. A vida passa a não ter sentido nenhum.
E, veja só, que interessante: nesse estudo, eles descobriram que os homens eram menos suscetíveis a esses processos inflamatórios, ou seja, quando eles foram ativados no sistema de recompensa, funcionaram normalmente. Já no caso das mulheres, não. Elas foram mais afetadas por essa inflamação e não conseguiram ter o mesmo resultado que os homens na hora de lidar com as consequências. Ou seja, “deu ruim” para as mulheres.
Os pesquisadores alertam que esse é um estudo, de fato, muito importante para entender como os processos inflamatórios influenciam mais as mulheres e porquê há uma maior intercorrência de depressão nesse grupo. Outro fato é que não se pode deixar de lado os aspectos do ambiente, genética, pressão no trabalho e qualquer outro tipo de estresse, pois isso também afeta a saúde mental das pessoas.
Principais causas e sintomas de depressão
A depressão pode variar de casos leves até os mais graves, causando tendências suicidas e afetando o humor, a disposição e as respostas emocionais do indivíduo na vida cotidiana, podendo também afetar outras áreas da vida, como a profissional, amorosa e familiar. Ela é resultado de uma complexa interação entre fatores biológicos, psicológicos e sociais.
Estresse, tristeza profunda, choro descontrolado e excesso de vontade de ficar isolado podem ser sintomas de depressão. Perdas ou eventos adversos também podem influenciar, como em caso de enfrentar uma situação de desemprego, luto ou traumas psicológicos. Por isso, é importante se cuidar sempre! Procure ajuda, procure por um profissional da psicologia e da psiquiatria!
Como lutar contra a depressão feminina?
Se a gente já não tem uma genética favorável, então o que podemos fazer para prevenir a depressão feminina? Eu refleti muito sobre isso e trouxe algumas considerações. Nós podemos, por exemplo, pelo menos organizar o ambiente em que vivemos e ter estratégias de saúde mental que evitem que caiamos em depressão, porque, como a gente viu, a ciência já mostrou que “a corda está arrebentando mais” para o nosso lado.
E se eu não posso contar com o ambiente que vivo, se eu não posso contar com a genética, se eu não posso controlar os acontecimentos externos, eu preciso contar comigo mesma! Sou eu que conheço os meus limites, as minhas necessidades e as minhas dores, então está na hora de olhar para mim com carinho e atenção. Faça o mesmo por você! Muitas vezes, cuidamos tanto dos outros que esquecemos de olhar para nós e, quando pararmos para ver, o fundo do poço pode estar muito mais perto do que parece.
Saber que o índice de depressão feminina é maior que a masculina muda o quê para você? Pode até parecer uma informação sem tanta importância, mas nós somos feitas de corpo, alma e espírito e, por isso, precisamos cuidar da nossa saúde mental com urgência. Como você se sente hoje? Converse com alguém, compartilhe seus sentimentos com uma amiga e esteja de ouvidos abertos para ela também. Saúde mental é coisa séria!